segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

O ROTINEIRO HERÓIS E SUAS TEDIOSAS AVENTURAS

ROTINEIRO HERÓI E SUAS TEDIOSAS AVENTURAS


Acordo, com meus pensamentos me tomando de assalto, já como reflexo, meus pés procuram debaixo da cama o meu chinelo como consequência ainda de forma automática procuro  no banheiro a pia, jogo agua fria no rosto, na boca o amargo gosto, que reflete a insônia, sigo o ritual, na escova o creme dental para que esse amargo não se reproduza no meu dia. Dia esse que tanto rezo para que seja diferente, debaixo agora do chuveiro com água agora quente, me deixa um pouco contente, me faz esquecer a frieza da natureza humana, que me fere como uma navalha, mas como um carinho me afaga com a toalha.

Recomponho-me e me olho no espelho, pareço vencido, como meu creme de cabelo, o qual tenho por mera formalidade, na verdade, não tenho essa vaidade, pois o caos dessa cidade me fez perder os cabelos, e os poucos que ainda tenho meu velho e surrado pente já resolve. Tento fantasiar em minha mente, que sou um Herói, luto nessa cidade louca meu traje especial e de cidadão comum, ao contrário do estabelecido, não uso a cueca em cima da roupa ou capa amarrada no pescoço, não sou “super”, apenas mais um homem.

Minha identidade nada secreta, para comprovar o documento na carteira, me salvo a minha maneira, confiro meus apetrechos, para minhas tediosas aventuras, o lenço no bolso da camisa, é o que o alérgico Herói precisa, o relógio no punho esquerdo para que eu tenha certeza, que o tempo não vai passar, para que não me esqueça de anotar em minha agenda, a caneta preta, os compromissos que gostaria de não cumprir.

Vou pra minha base, minha sala, não se trata de tristeza e sim conformidade, caminhando sem vontade, sento em minha cadeira fiel companheira que me apoia, sábia, não reclama mesmo aguentando os fardos da vida, mas como não sou de madeira, levo a minha maneira, não represento mais papéis, nesse teatro vazio, na borda do pires poças que escorrem da xícara, o meu café frio, encerro o único ato, o único aplauso é meu telefone que toca, que mais parece uma vaia, pedindo para que eu saia, lá vou eu, que se fechem as cortinas

Ao decorrer do dia me concentro no tédio com afinco, com esse rotineiro jogo eu brinco, me sinto um leão sem rugido, por isso me assusto com esse estranho ruído, que na verdade e a fome que meu estomago consome, esse é uma fácil preza, mas fome é a natureza que me chama para realidade, me alimento, e volto para os momentos eternos, sou o velho homem moderno, o nó na garganta é tão forte quanto à gravata do terno!

Por: Fundodamente

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