Tiradentes
A Inconfidência Mineira na verdade não passou de uma conspiração, onde
os principais protagonistas eram elementos da elite colonial, homens ligados à
exploração aurífera, à produção agrícola ou a criação de animais, sendo que
vários deles estudaram na Europa e que organizavam o movimento exatamente em
oposição as determinações do pacto colonial, enrijecidas no século XVIII. Além
destes, encontramos ainda alguns indivíduos de uma camada intermediária, como o
próprio Tiradentes, filho de um pequeno proprietário e que, após dedicar-se a
várias atividades, seguiu a carreira militar, sendo portanto, um dos poucos
indivíduos sem posses que participaram do movimento. Essa situação explica a
posição dos inconfidentes em relação a escravidão, muito destacada nos livros
de história; de fato, a maior parte dos membros das conspirações se opunha a
abolição da escravidão, enquanto poucos, incluindo Tiradentes, defendiam a
libertação dos escravos. As idéias liberais no Brasil tinham seus limites bem
definidos, na verdade a liberdade era vista a partir do interesse de uma
minoria, como a necessidade de ruptura dos laços com a metrópole, porém, sem
que rompessem as estruturas socioeconômicas. Mesmo do ponto de vista político,
a liberdade possuia limites. A luta pela independencia incluía ainda a
definição do regime político a ser adotado, embora a maioria defendesse a
formação de uma República que fosse Federativa, porém não garantia o direito de
participação política a todos os homens. Na verdade os inconfidentes não possuíam
uma orientação política definida, mas um conjunto de propostas, que tratavam de
questões secundárias, como a organização da capital em São João Del Rei ou
ainda a criação de uma Universidade em Vila Rica.
O movimento conspiratório tornou-se maior após a chegada do Visconde de
Barbacena, nomeado novo governador da capitania de Minas Gerais e incumbido de
executar uma nova derrama, utilizando-se de todo o rigor necessário para
garantir a chegado do ouro a Portugal. De setembro de 1788 em diante, as reuniões
tornaram intensas, onde eram alimentadas várias discussões sobre temas variados
e o entusiasmo exagerado contrastava com a falta de organização militar para a
execução da independencia. Tiradentes e outros membros da conspiração
procuravam garantir o apoio dos proprietário rurais, levando suas propostas de
"revolução" a todos que, de alguma forma, pudessem apoiar.
Um os mineradores contatados foi o coronel Joaquim Silvério dos Reis
que, a princípio aderiu ao movimento, pois como a maioria da elite, era um
devedor de impostos, no entanto, com medo de ser envolvido diretamente,
resolveu deletar a conspiração. Em 15 de março de 1789 encontrou-se com o
governador, Visconde de Barbacena e formalizou por escrito a dnúncia de
conspiração. Com o apoio das autoridades portuguesas instaladas no Rio de
Janeiro, iniciou-se uma sequência de prisões, sendo Tiradentes um dos primeiros
a ser feito prisineiro, na capital, onde se encontrava em busca de apoio ao
movimento e alguns dias depois iniciava-se a prisão dos envolvidos na região
das Gerais e uma grande devassa para apurar os delitos.
Num primeiro momento os inconfidentes negaram a existência de um
movimento contrário a metrópole, porém a partir de novembro vários
participantes presos passaram a confessar a existência da conspiração,
descrevendo minuciosamente as reuniões, os planos e os nomes dos participantes,
encabeçada pelo alferes Tiradentes.
Tiradentes sempre negou a existência de um movimento de conspiração,
porém, após vários depoimentos que o incriminava, na Quarta audiência, no
início de 1790, admitiu não só a existência do movimento, como sua posição de
líder .
A devassa promoveu a acusação de 34 pessoas, que tiveram suas sentenças
definidas em 19 de abril de 1792, com onze dos acusados condenados a morte:
Tiradentes, Francisco de Paula Freire de Andrade, José Álvares Maciel, Luís Vaz
de Toledo Piza, Alvarenga Peixoto, Salvador do Amaral Gurgel, Domingos Barbosa,
Francisco Oliveira Lopes, José Resende da Costa (pai), José Resende da Costa
(filho) e Domingos de Abreu Vieira.
Desses, apenas Tiradentes foi executado, os demais tiveram a pena
comutada para degredo perpétuo por D. Maria I. O Alferes foi executado em 21 de
abril de 1792 no Rio de Janeiro, esquartejado, sendo as partes de seu corpo
foram expostas em Minas como advertência a novas tentativas de rebelião.
"Todavia, há historiadores que dizem que Tiradentes não foi morto
enforcado no Largo da Lampadosa; em seu lugar foi executado um marceneiro que
havia roubado uma igreja e sua morte livraria a sua família de ser humilhada e
espoliada pelos padre. Tiradentes teria sido tirado, pelos membros da maçonaria,
da Casa de Câmara e Cadeia que hoje é a Assemblèia Legislativa do Rio de
Janeiro e teria sido enviado para a Europa onde teria tido uma filha...
Há quem afirme, inclusive que, três anos depois de sua suposta morte de
Tiradentes, aportou na ilha da Madeira um cidadão chamado Joaquim José da Silva
Xavier,que virou comerciante e constitui família."
Curiosidades
- Na primeira noite em que a cabeça de Tiradentes foi exposta em Vila
Rica, foi furtada, sendo o seu paradeiro desconhecido até aos nossos dias.
- Tratando-se de uma condenação por inconfidência (traição à Coroa),
os sinos das igrejas não poderiam tocar quando da execução. Afirma a lenda
que, mesmo assim, no momento do enforcamento, o sino da igreja local soou
cinco badaladas.
- A casa de Tiradentes foi arrasada, o seu local foi salgado para que
mais nada ali nascesse, e as autoridades declararam infames todos os seus
descendentes.
- Tiradentes jamais teve barba e cabelos grandes. Como alferes, o
máximo permitido pelo Exército Português seria um discreto bigode. Durante
o tempo que passou na prisão, Tiradentes, assim como todos os presos,
tinha periodicamente os cabelos e a barba aparados, para evitar a
proliferação de piolhos, e, durante a execução estava careca com a barba
feita, pois o cabelo e a barba poderiam interferir na ação da corda.
"Nossos heróis, são
consequência dos vilões criados por nós!"
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